13 de abril de 2014

Cuidado comigo



Na última quinta feira, tinha arranjado uns bilhetes para o Benfica-Az Alkmar (Liga Europa de futebol).
Ofereci-os à direita e à esquerda. Como é uma operação um pouco em cima da hora, fiz essa distribuição, meio parado, meio a correr.
Uma vez nos estádio, dirigia-me já para o meu lugar, quando o telefone toca e alguém diz:
- Oh Kim, que raio de confusão é esta? Os bilhetes que me ofereceste são para o jogo que já passou, contra o Tottenham.
Fiquei surpreendido mas reagi rapidamente e dirigi-me à porta onde se encontravam, barrados pelos porteiros, um grupo de amigos. Dei-lhes bilhetes para o jogo em causa e pedi desculpa pelo engano.
Ainda não tinha chegado ao meu lugar e já o telefone voltava a tocar:
- Kim? É pá os bilhetes que me deste são para o jogo contra o Tottenham e não contra o Az Alkmar e agora não me deixam entrar.
Nova corrida até à porta onde se encontravam esses amigos e, com o normal pedido de desculpas, troquei-lhe os bilhetes.
Finalmente descansei, porque mais ninguém telefonou.
Estava já fora do estádio, quando alguém atrás de mim quase me sussurra ao ouvido:
- Se o porteiro não fosse um gajo porreiro bem tinha ido ver o jogo a casa! Você deu-me bilhetes para o jogo contra o PAOK.
Resultado - os bilhetes são todos iguais. Apenas muda o nome do clube visitante. Tinham-me sobrado alguns bilhetes, desses jogos e como não os tinha deitado fora, acabei por gerar uma grande confusão, misturando os bons com os caducados.
Felizmente que os bilhetes trocados foram só 14.
Cuidado com as minhas ofertas!
Miserere nobis!

6 de abril de 2014

Sorte minha ou azar dos outros?



Sexta feira! 14:30 H. Dirigia-me para o Banco.
Meio absorto do que se passava à minha volta, oiço uma voz, já muito usada, dizendo: 
- Retire o seu dinheiro! Retire o seu dinheiro! Retire o seu dinheiro!
Olhei para o sitio donde vinha a voz e reparei que numa caixa multibanco, alguém tinha esquecido o dinheiro que supostamente deveria ter levantado.
Olhei à minha volta, não vi ninguém, e pensei. Deixa-me tirar este dinheiro e entregá-lo no banco.  Assim fiz. Conheço todos os funcionários do banco. Entrei, contei a minha "estória" e ficaram de boca aberta. 
É que, segundo eles, quando alguém se esquece de retirar as notas da caixa multibanco, a mesma recolhe-as trinta segundo depois. Mas não foi o que aconteceu.
Os caixas recusaram-se a ficar com o dinheiro, para entregar ao possível lesado, alegando que se aparecesse uma auditoria teriam problemas. 
Posto isto, meti as notas no bolso e fui embora. 
Entretanto, antes de regressar ao escritório, passei pela Tesouraria das Finanças (onde também conheço toda a gente). 
Estava a contar o que me tinha acabado de acontecer, quando olhei para o chão e vi uma nota de vinte euros, a meus pés. 
Meio confuso com o que tinha acabado de acontecer no multibanco, apanhei a nota, sem saber se a tinha deixado cair, quando tirei uns papéis do bolso, ou se tinha achado mais vinte euros.
Despedia-me já das minhas amigas, quando uma delas me diz:
- Você está cheio de sorte! Você achou dinheiro na parede, mas ainda agora daqui saiu uma "pretita" a chorar porque perdeu vinte euros.
Sacudi a cabeça, à direita e à esquerda, como se quisesse arrumar as ideias e pensei - querem ver que os vinte euros que apanhei do chão, são da "pretita"? 
Perguntei por ela, mas indicaram-me que já tinha saído.  Vim cá fora e encontrei-a, logo ali à porta, com os olhos postos no chão, quais detectores do vil metal.
Não foi preciso dizer nada. Mostrei-lhe apenas a nota e os seus olhos sorriram.
- Muito obrigado senhor, muito obrigado!
Dei-lhe uma palmadinha nas costas, também de agradecimento e parti à procura da vida, que a morte está certa.
Mais à noite, precisei de ir ao Colombo, com um amigo, para imprimir umas fotos dum recém nascido e à minha frente, no parque de estacionamento, duas famílias estacionam os respectivos automóveis, no local indicado para deficientes. Apesar de haver muitos lugares, estacionaram mais perto da porta de entrada, não interessando a quem se destinavam aqueles lugares.
Desta vez já nem reprimi o gesto. 
É demais, para esta minha já tão frágil cabeça!