28 de novembro de 2011

Romeu e Julieta - século XXI

Às vezes - o amor não tem barreiras!

Às vezes - um minuto de fama!

Às vezes - sonho com futebol sem violência e ...

sem gaiolas, vermelhas, verdes ou azuis!


24 de novembro de 2011

Sem ti!

Eram sete da manhã! Eu acordava! Tu adormecias!


Passaram dez anos.

Sem ti. Sem aqueles olhos que me viam sempre menino. Sem os beijos que gostavas te desse, a cada encontro, a cada instante que me apetecia sentir o que mais ninguém me podia dar.

Acomodo-me agora a essa saudade sem fim, sabendo que esse é o mais tortuoso caminho da vida, se começamos a morrer no dia em que nascemos.

Por ti, descobri que sou um inconsequente anquilosado, quando as raias do natural me batem no coração. Em ti, me projectei nos dias que estão para vir, quando olho ao longe e o descaso me invade. Contigo, aprendi tudo o que não me ensinaste.

Gostava tanto de ter-te visto velhinha - Mãe!


19 de novembro de 2011

Outono

... e fica-se sem palavras perante coisas tão simples da natureza










.... e por entre dourados tapetes













... e nas margens do outono da vida








... onde as àrvores morrem de pé






... acordei!

12 de novembro de 2011

Long Island - I love you!


Aqui, na Baía das Ostras - Long Island, onde o mar se entrega à terra e os corpos se libertam do bulício da grande Manhattan, em tempos de solarengas tardes, fazia hoje um frio de rachar - ZERO GRAUS!
No horizonte, qual Ilha da Fantasia, ficam os refúgios dos que, não nascendo em berço de ouro, tiveram a sorte de um dia caír no goto dos cinéfilos que contribuíram para a aquisição das fabulosas mansões onde hoje habitam. Nem tanto ao mar nem tanto à terra, mas é a realidade.


A poucas centenas de metros do meu olhar, habitam Rupert Murdoch, Brad Pitt, Jenifer Lopez e tantos outros que nem vale a pena recordar.

Do lado de cá, biliões de folhas mortas, das mais variegadas cores, cobrem o asfalto do meu contentamento, por entre repousantes lagos de águas calmas, casas que quase parecem fantasmas e despidos bancos de jardim.

É certo que o dinheiro não faz a felicidade de ninguém - mas ajuda um pouco!


8 de novembro de 2011

Acordo Ortográfico - esse Adamastor!

Manuel Halpern

Quando eu escrevo a palavra ação, por magia ou pirraça, o computador retira automaticamente o c na pretensão de me ensinar a nova grafia. De forma que, aos poucos, sem precisar de ajuda, eu próprio vou tirando as consoantes que, ao que parece, estavam a mais na língua portuguesa. Custa-me despedir-me daquelas letras que tanto fizeram por mim. São muitos anos de convívio. Lembro-me da forma discreta e silenciosa como todos estes cês e pês me acompanharam em tantos textos e livros desde a infância.

Na primária, por vezes gritavam ofendidos na caneta vermelha da professora: não te esqueças de mim! Com o tempo, fui-me habituando à sua existência muda, como quem diz, sei que não falas, mas ainda bem que estás aí. E agora as palavras já nem parecem as mesmas. O que é ser proativo?
Custa-me admitir que, de um dia para o outro, passei a trabalhar numa redação, que há espetadores nos espetáculos e alguns também nos frangos, que os atores atuam e que, ao segundo ato, eu ato os meus sapatos.
Depois há os intrusos, sobretudo o erre, que tornou algumas palavras arrevesadas e arranhadas, como neorrealismo ou autorretrato. Caíram hifenes e entraram erres que andavam errantes. É uma união de facto, para não errar tenho a obrigação de os acolher como se fossem família. Em 'há de' há um divórcio, não vale a pena criar uma linha entre eles, porque já não se entendem. Em veem e leem, por uma questão de fraternidade, os és passaram a ser gémeos, nenhum usa chapéu. E os meses perderam importância e dignidade, não havia motivo para terem privilégios, janeiro, fevereiro, março são tão importantes como peixe, flor, avião.

Não sei se estou a ser suscetível, mas sem p algumas palavras são uma autêntica deceção, mas por outro lado é ótimo que já não tenham.
As palavras transformam-nos. Como um menino que muda de escola, sei que vou ter saudades, mas é tempo de crescer e encontrar novos amigos. Sei que tudo vai correr bem, espero que a ausência do cê não me faça perder a direção, nem me fracione, nem quero tropeçar em algum objeto abjeto. Porque, verdade seja dita, hoje em dia, não se pode ser atual nem atuante com um cê a atrapalhar.

2 de novembro de 2011

Adeus tristeza!

Quando era adolescente, tirocinante de paquete, trabalhei dois anos num escritório de advogados, nas barbas do Chiado. Ali começou a travessia do passado que me levaria às esquinas do futuro, aquele que fez de mim um homem feliz. Nesse tempo a estátua de Fernando Pessoa, que é hoje um presque ex-libris dos poetas, não existia e as mulheres já eram todas bonitas.


Daqui partiu a esperança que me fez descobrir terras nunca dantes navegadas, na estranja, ou onde o diabo o pão amassou.


Desde então, o Chiado faz renascer a fénix que há em mim.



Eu, que não sou muito virado a poesias, talvez inspirado por alguma musa, e agora em memória dum grande poeta amigo que partiu há pouco, reedito este poema que um dia me saíu da pena.

Pode o engenho e arte
No Chiado me descobrir
De mim lá ficou parte
Quem me fazia sorrir

Foram dias, foram tempos
Aqueles que não voltaram
Foram fortes, foram ventos
Aqueles que me guiaram

Por lá me quedei um dia
Quando na vida despertei
No despertar dessa via
Outra vida eu inventei

Inventei fugas e dores
Partidas e chegadas
Amores e desamores
Estórias tão contadas

Corri mundo sem nada
De tudo me despojei
Do muito eu fiz nada
Do despojo já não sei


Dormi noites, dormi dias
Noites que eu não dormi
Dos dias que eram vias
Das vias que percorri


Perdi-me depois no vento
Esqueci de quem eu era
Ao tempo eu dei alento
Ao alento dei a espera

E um dia regressei
Tão triste como parti
Ao mundo o olhar dei
À vida que já vivi


Pessoa, poeta que és
Quero-te a meu lado
Deixa chegar-te aos pés
Perdoa este meu fado

O poema é ridículo
E não é carta de amor
Se não fosse ridículo
Seria carta de dor


... e contá-las-ei (as estórias), "até que a voz me doa"!