29 de outubro de 2008

Amigos


Escolho os meus amigos não pela pele ou por outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Têm que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero o meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho os meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também a sua maior alegria.
Amigo que não ri connosco não sabe sofrer connosco.
Os meus amigos são todos assim: metade disparate, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade a sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois vendo-os loucos e santos, tolos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

27 de outubro de 2008

Números arábicos





Às vezes - a Net é um hoby, uma afirmação, um desabafo.
Outras - a descoberta de coisas simples.
Nunca tinha pensado nesta "coisa" dos números. E os meus amigos, sabiam disto?
É fácil, é barato e ensina milhões!

25 de outubro de 2008

Rita Severino - campeã de bodyboard


A Rita é uma sereia que eu vi nascer. O mar é o seu habitat, as ondas o seu sonho, a prancha o seu leito.

Recentemente foi a grande vencedora do 4º campeonato de bodyboard no Magoito.

A Skills Boards está em grande e muito bem representada pela sua campeã.

Parabéns Seve/Francisca

Parabéns Ritinha

23 de outubro de 2008

Leite creme

Como tantos outros mortais, sou um animal de hábitos e bastante fiel a um restaurante que me apaparique os pequenos vícios gastronómicos. Até nem sou muito exigente e qualquer pequena quantidade de alimento já satisfaz a gula que às vezes me tenta. Mas há pitéus que me fazem perder as estribeiras e a noção do razoável.
Sardinhas Assadas, Bacalhau à Brás, Feijoada, e Qualquer Coisa no forno com batatinhas e cebolinhas, a par de tudo o que seja grelhado, estão na primeira fila dos meus desejos.
Nos doces, não sou propriamente um guloso mas ando lá perto e o pecado chama-se Leite Creme.
Ora o Amilcar, dono do “meu” restaurante, não tem por habituação ter esta sobremesa e sabendo da minha paixão por tal camada leitosa, fez uma dezena de “leites creme” e provocou-me perguntando-me se eu não quereria uma tacinha do dito. Respondi-lhe que não queria porque gosto de comer leite creme umas colheradas acima daquele que é servido nos restaurantes.
No dia seguinte, sem eu nada ter pedido, apresentou-me uma malga repleta do meu doce preferido. Lá fiz o sacrifício de o devorar, desculpando-me com o comedido que sou naquilo que tanto prazer não me dá.

Às vezes – há razões que a gula desconhece!

21 de outubro de 2008

Onde pára o dinheiro?


Há coisas que não entendo nem me esforço muito para entender, mas apetece-me dar um pontapé numa pedra (não a filosofal) e descobrir debaixo desta, a teia que nos enleia.
Deixem-me pensar em voz alta e perguntar o porquê desta crise que nos assola.
Como é que se esvazia um celeiro? Onde está a riqueza das nações? Onde estão os milhões ganhos pelos bancos, que apesar do crédito mal parado arrecadam lucros fabulosos?
Quem me diz que os Estados não terão de responder pelas responsabilidades que acabaram de avalizar? E se assim for, quem paga? Não somos nós?
Onde pára o dinheiro?

19 de outubro de 2008

Alain - regresso ao passado

Aquela noite era igual a tantas outras.
A única diferença é que eu estava a rever amigos que não via há muito.Tinha chegado há poucos dias de Paris, onde sobrevivia.

O Xico Luís, hoje XL e o Júlio César, hoje JC, desafiaram-me a beber um copo numa boîte meio-rasca, perto de nossas casas e acessível ao nosso bolso. As mulheres não eram bonitas nem feias. Eram aquilo que os nossos olhos queriam ver. Os meus, vinham cheios de mulheres charmosas e elegantemente vestidas. Não que fossem mais lindas que as portuguesas, apenas mais aprontadas e produzidas.

Já não sei porque carga de água, o XL lembrou-se de me apresentar a elas, como sendo um amigo francês a passar uns dias em Portugal. XL, apresentou-me mais ou menos assim: - Voici mon ami Alain, jdfuin fyilin viendu Paris France dyuitet jureu oui oui linsuer huteriy, trés bien. Claro que nem ele sabia o que estava a dizer, nem elas percebiam o que ele dizia. Eu ia ouvindo os comentários, sujeitando-me ao que dali saísse. Entrei no jogo, e lá fui respondendo em francês, o que o XL se encarregava de fingir que traduzia, para as cortesãs. Lembro-me que eu levava vestido um elegante fato verde, que ainda guardo e que me assentava na perfeição, há vinte cinco quilos atrás. Naquela época em Portugal, não era muito normal dançar sozinho. E dançar não era propriamente o meu forte. Apenas o fazia para atingir um fim ou para me sentir integrado no ambiente. JC e XL lá iam secando os copos em animada conversa com as meninas, falando de mim e sem me perderem de vista. Claro que elas não sabiam que eu percebia tudo o que diziam. Apenas fingia que não.
Oui para aqui, oui para acolá, lá me fui abanando e sacudindo ao ritmo dos êxitos da década, como era habitual no meu ambiente parisiense. Abrandei quando uma desavergonhada cortesã, comenta sobre a minha pessoa:- É pá, o puto é giro, mas … tem pinta de bicha! A abanar-me daquela maneira, não podia esperar outra coisa!

Desde então, mesmo em dias de calor, não me abanei nunca mais!

17 de outubro de 2008

Pedintes


Não sei exactamente o que leva alguém a mendigar!
É que, o acto em si, pressupõe pobreza, mas também, hábito, vício, modo de vida.
Antigamente dava sempre o benefício da dúvida, a qualquer pedinte. Podia estar a ser enganado por um falso cego, um cabisbaixo aleijão ou um lacrimejante estropiado, mas nem pensava duas vezes para desembolsar os parcos níqueis possíveis. Entretanto a vida encarregou-se de misturar os necessitados com os Iscariotes e quase me empederniu o coração.
Enquanto criança, bastas vezes deixei de comer o bolo de arroz que mitigava a ânsia duma bem devorada marmita, para depositar um escudo numa qualquer mão estendida. Hoje, passadas que foram duas gerações, apenas retiro dos bolsos, o impulso do momento.
E depois, tenho vergonha de mim!

15 de outubro de 2008

Barack Obama - olá presidente!

De políticos e treinadores, todos temos um pouco.
Se fossemos nós, fariamos assim e assado. Enquanto treinadores, jogaria este e aquele, sempre contra a corrente do jogo, sobretudo se este estiver a correr mal.
Como não vivemos do futebol e temos de levar com os políticos, temos à porta as eleições americanas, que parecendo não nos dizerem respeito, assim bem não é.
E já que o futuro do mundo pode depender do presidente da grande potência que são os USA, apetece-me aqui manifestar a simpatia que nutro pelo democrata Obama em detrimento do seu rival McCain, que mais parece um caduco e inseguro seguidor de Bush.
Talvez porque é negro. Talvez, porque é incisivo. Talvez, porque mudar é preciso.
Sei bem, que de promessas está o inferno cheio, mas entre um e outro, julgo ser por demais evidente a melhor escolha.
Obama é um americano tipo pé-negro. Apesar de ter nome de árabe, parecido com outro que nem lembra ao diabo, Barack Hussein Obama, é filho de pai queniano e mãe americana. Nasceu no Hawaii, na cidade de Honolulu, há quarenta e sete anos.
Os eleitores parecem estar cansados dos constantes ataques do campo republicano contra o candidato democrata. Enquanto Obama passa a maioria do seu tempo a explicar o que irá fazer quando for eleito Presidente, já MacCain parece mais interessado nos ataques pessoais ao democrata. O tempo dirá se me enganei.
Cá por mim, este puto é o próximo presidente!

12 de outubro de 2008

Jacques Brel - 30 anos depois!


Na vida dum homem há duas datas importantes, a do seu nascimento e a da sua morte. Tudo o que fazemos entre estas duas datas, não tem importância. Jacques Brel

Brel desapareceu há 30 anos (9 de Outubro de 1978)

Quando em 1969 vagueava pela zona dos Campos Eliseos, reparei num grande cartaz que anunciava em letras garrafais MON ONCLE BENJAMIM, um filme com Jacques Brel no elenco. Era a Salle Wagram a publicitar o novo filme deste actor/cantor. Lembro-me de ter ficado a olhar para o cartaz e pensar: “não sei o que é que os iluminados vêm neste gajo que, a cantar parece uma vaca espanhola e a representar não tem piléria nenhuma”. Mais à frente encontrei o mesmo cartaz por tudo quanto era sítio. Paris estava repleta do Tio Benjamim.
Mal sabia eu que tinha começado aí, o despertar da minha maior paixão.
Ou porque não tinha fundos para tanto, ou porque quando os tinha as prioridades eram outras, ouvia-o mas nunca comprei qualquer disco e nem dele vi qualquer filme, mas a paixão pairava no ar.
Depois, quando a vida errante cessou e encontrei os caminhos da realidade, comprei tudo quanto havia de Brel e não perdia os seus filmes.
A família e os amigos foram-me oferecendo as suas obras e disso resultou ter hoje quase tudo em duplicado. (foi agora o Bruno a lembrar-me a efeméride)
Jamais pensei vir a apaixonar-me por “aquele gajo feio que cantava como uma vaca espanhola”.
Nunca digas, desta água não beberei! Pela boca morre o peixe!
Ami, rempli mon verre! Pardon Grand Jacques!

"Dans la vie d'un homme, il y a deux dates importantes, celle de sa naissance et celle de sa mort. Tout ce qu'on fait entre ces deux dates n'a pas beaucoup d'importance."Jacques Brel

9 de outubro de 2008

Viva a moda!


Preservativos em látex Channel, com sabores vários


A moda não tem moda! A moda está sempre na moda!
Penso mesmo que desde sempre houve moda. Até na pré-história. Se fosse possível usar-se um casaco de raposa, certamente não se usaria um de mamute.
Mas a moda também tem coisas que não lembram ao diabo. E tudo em nome da moda.
E depois, cada moda está também associada a um choque de gerações. Assim foi com meus pais, assim é com meus filhos, assim será com meus netos.
A moda tem as costas largas e tudo permite. Valha-nos saber que há modas que nascem apenas para provocar os espíritos mais mentecaptos e que disso não passam.
A mim, já nada incomoda. Aceitarei a moda dos outros, como outros tiveram de aceitar a minha.
E as minhas amigas, estão fora de moda?
Viva a moda!

7 de outubro de 2008

João Ermida - E depois do adeus!

A RTP 1, transmitiu hoje …

Nunca dele tinha ouvido falar e já me tinha esquecido de exemplos assim.
O Dr. João Ermida era um homem sem tempo. Madrid, Rio de Janeiro, Londres, Nova York, Tóquio, Lisboa, eram o seu mundo e a alta finança o seu espelho.
Um dia entrou numa igreja e dois dias depois demitiu-se, mandando a fortuna às urtigas.
Hoje, estuda a paz interior e ameniza o resto dos dias dos que já muito viveram.
Às vezes – pequenas (grandes) coisas mexem comigo e emudecem-me.


João Ermida nasceu no Porto, a 8 de Janeiro de 1965. Em 1987, iniciou o seu percurso profissional como operador de Bolsa,
No final de 1988, junta-se ao Citibank Portugal para integrar a sua equipa de mercado de capitais. Em 1993, inicia a sua carreira no Grupo Santander: primeiro em Portugal, depois no Brasil e, já em finais de 1998, em Espanha, com a responsabilidade global de Tesouraria e Mercados Financeiros. Em Maio de 2003, demitiu-se da Instituição.Actualmente dedica-se a projectos de cariz social que visam ajudar jovens e idosos mais carenciados. Desenvolveu o método e escreveu o livro Verdade, Humildade e Solidariedade, sobre o qual dá palestras às empresas e escolas de gestão.

5 de outubro de 2008

A sopa


Sei bem que os tempos são outros, a vida mudou e há coisas que se não podem comparar. E sei também que não posso pensar na moeda antiga, mas …
Precisei de comprar uns chinelos e resolvi passar por um Centro Comercial. Feita a compra e como não me apetecesse jantar, decidi-me comer uma sopita num daqueles quiosquesitos que só vendem sopas. Sentei-me e (agora já não ando a correr) lentamente fui saboreando as nabiças que se afogavam num caldo abatatado. De soslaio olhei para o pequeno ticket que me lembrou o valor pago pela sopa. Dois euros e cinquenta de espanto recuaram-me no tempo.
Ora bem, isto corresponde a quinhentos escudos.
Foi este o meu primeiro ordenado, pensei!
Quarenta e quatro anos atrás, nunca teria pensado que o meu vencimento mensal se diluísse no fundo duma malga de sopa. Nesse tempo, uma sopa custava cinquenta centavos e … é só fazer contas. Quatro décadas depois, uma sopa custa mil vezes mais. E os ordenados? - Cala-te escriba!
Outros tempos, outros caldos!

3 de outubro de 2008

É minha, a bola!

Parecem bandos de pardais à solta ... os putos!

Este não é certamente um Capitão da Malta.
O ar de posse dum bem que não chega a todos é a riqueza dum menino, talvez de Huambo, que Paulo de Carvalho quis um dia cantar.
Também sonhei um dia. Também fui o dono da bola. Também me perdi por ela.

Numa noite de glória, o “puto” Benfica, deu (me) uma alegria aos seus simpatizantes, tão arredados de sonhos maiores.
Parabéns aos restantes “ganhantes” Sporting e Braga, pois puderam continuar a sonhar e isso faz a felicidade de amigos meus.
Por eles …